quarta-feira, 10 de março de 2010
UNusual (tentei ser normal).
Alexander McQueen - Weird Science
Sim, eu já tentei ser normal. Eu já tentei gostar de bege. Não que eu não goste do bege, posso até usá-lo, mas logo vou abusando dos formatos, dos acessórios, do cabelo, da maquiagem, do sapatos. Eu já quis passar desapercebida, mas eu nasci com cara de Betty Boop. Eu já odiei minha cara, então pensei em usar burca. E se minha intenção não era aparecer, de burca eu iria aparecer mesmo assim, porque não há como não chamar atenção de burca no Brasil. E quem disse que eu ia querer usar burca preta? Ia preferir algo neon. Cirurgia plástica facial poderia até mudar meu rosto, mas não mudaria meu coração. Ainda não foi inventada aquela máquina do tempo, ou a do filme "Eternal Sunshine" onde poderia apagar algumas lembranças. Mas também do que adiantaria apagar as lembranças? E apagar eu mesma por inteiro, assim como fez McQueen resultaria em ter que voltar aqui em outra encarnação para arrumar tudo denovo. Muito mais trabalho. Sim, às vezes a cabeça de um criador entra em colapso. Se nem as bibliotecas mais organizadas do mundo conseguem ser perfeitas, sempre há um cantinho empoeirado, imagine uma cabeça lotada de informações indagações complexas e infinitas? E o resultado de todo um trabalho dificílimo, cheio de detalhes, julgado como perfeito pela crítica, na cabeça de um criador, ainda não está bom??? A busca pela perfeição incessante. A insatisfação eterna com tudo. E que graça teria também se nos contentássemos e vivêssemos deitados numa rede tomando água de côco a vida inteira? No máximo alguns dias iria ser bom, mas o tédio consome. E mesmo deitada, sempre tenho alguma informação nova pra ler. O blog se chama "deitada na grama". Deitada na grama em total atividade cerebral. Nem adianta vir falar que apenas quem pára é que morreu. O cadáver sim. Mas a alma... a alma... não.
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